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“Como tristes estátuas ao longo da aleia de um jardim
noturno, foram passando você de mão em mão, de mão em mão até mim...”, eu leio
enquanto penso, enquanto reflito, enquanto filosofo com meus botões.
Uma
sensação amarga dentro de mim, como uma fruta que apodrece aos poucos, de
dentro para a fora. Sim, querido, a casca até está brilhante, mas não ouse dar
uma mordida sequer.
Fui
feita a partir de qual intuito, a partir de qual resolução? Sou eu a simples
estátua que leva as pessoas a seus devidos caminhos e finito? Posso ser
estátua, mas também, em outro momento, ser a pessoa “carregada” e ter direito a
um “final feliz”?
Ou me
iludo ao pensar nisso?
Passei
o dia numa imersão, refletindo sobre diferentes aspectos da vida e, sem a TPM,
fica mais fácil ser menos dramática, menos extremista, menos melancólica. Quer
dizer, sempre há melancolia, independente do dia do mês.
Pensei
em como andam sendo frágeis e fracos os
meus laços. Em como tenho sido imprópria comigo mesma ao me sujeitar a tão
pouco, a tão nada perto do que creio ser merecedora.
Hoje um
casal de estranhos me fez pensar nos
porquês de eu não ser estranha o suficiente para compor um casal também. Por
qual motivo eu estou só?
Eu não gosto
de estar só, nesse sentido de solidão que só companhias vazias nos fazem
sentir. É um gosto de nada depois do “fazer amor”. Um gosto de falta depois do
entregar-se.
Entregas.
Eis ai
uma das coisas que eu não tenho feito, que eu não tenho feito por não receber
mais. Não consigo mais ter a oportunidade de me entregar, não por não querer,
mas por receber diferentes rasteiras, por todas as vias, como se a vida me testasse,
me provasse algo ou, simplesmente, como se a vida me estivesse mostrando às claras,
sem tapumes, como ela é.
Sou tão
premonitiva (?) às vezes. Consigo prever exatamente a sensação que sentirei se
continuar a caminhar. Consigo saber o gosto que sentirei se provar daquele
veneno.
Então,
porque o bebo? Por qual droga de motivo eu continuo a andar?
Se há
algo que nunca falhou comigo, esse algo é meu sexto sentido.
Posso
até me enganar com otimismos demais, com ilusões sobre ilusões que não deveriam
ser feitas... mas mesmo durante esses deslizes,
eu sempre pressinto o que vai me acontecer. Bem assim: sublime sobre
todos os demais sentidos. Nem sempre claro como uma mensagem entregue em águas
cristalinas, mas sempre forte o suficiente para que eu pare.
Nem
sempre eu paro. Preciso levar uns tapas na cara da vida até aprender certas
coisas. Certas coisas como: por quê sou eu uma estátua ao invés da “menina com
uma flor”?
Preciso sê-la. Menina. Flor. Amor.
Preciso sê-la. Menina. Flor. Amor.
[~criseida~]