Ouvindo a conversa alheia, perguntei-me qual seria o tamanho dos meus sonhos. Querem sempre nos medir, quando estamos de olhos abertos. Nos perguntam o tamanho de nossos pés, de nosso quadril, de nosso gosto musical.
Há uma série de classificações implacáveis, nos assolando a todo momento, por todos os lados. Ô vida besta, dizia Carlos.
E agora, na conversa alheia, aponta-me no cérebro a alfinetada de quererem medir inclusive o que há de mais meu: o interior do meu mundo mais profundo.
Qual o tamanho dos meus sonhos?
Dizem que nunca lembramos os nossos sonhos por completo, ainda que tantos detalhes se refaçam ao acordar. Uma pequena porcentagem. E isso é um alívio ou uma angústia a mais?
Saber o tamanho dos meus pés faz com que as pessoas me queiram mais ou melhor?
Conhecer o meu peso exato me faz ser mais ou menos querida?
Não consigo pensar até que ponto (e há ponto?) conhecer milimetricamente o outro é saber amar mais, querer mais.
Tantas vezes é o desconhecer que nos instiga. Como no mundo dos sonhos.
Difícil aceitar que não meço o tamanho dos meus sonhos, mas consolador. Algo, ao menos algo, em mim, ausenta-se da necessidade de aferição.
c.b.o.
segunda-feira, 24 de novembro de 2014
segunda-feira, 10 de novembro de 2014
Assinar:
Postagens (Atom)