sábado, 1 de agosto de 2015

No cotovelo, na raiz do cabelo, na sola do pé

Ele não me abandona e penso que nunca ocuparei o posto almejado. Nunca a alegria e a disposição que somente olhos e sorrisos e dentes amigos conseguem de ti.
Nunca mobilizarei as expectativas secretas que tão grosseiramente escondo de ti.
Nunca.
Me seca os olhos essa sensação.
A do nunca.
Não sou seu ponto de conforto, sua ilha de escape, sua fuga. Meu lugar nunca será o que não tem espaço e nem autorização para ser. Assim não seja.
Fico amargura, triste, engolindo faíscas. Um ponto cego, vago nesse seu mundo impalpável para mim. Distante de mim. Quais as vias de acesso para a Ponte que nunca mais abriu caminhos aos estrangeiros?
Sou o ninho estranho onde descansas teus braços e não compreendo porque, mesmo chegando tão tardiamente, quero eu ocupar postos estelares.
Na espinha.
Nas unhas ruídas.
Nos fios de cabelo desalinhados.
Nas lágrimas que insistem em não cair.
Borbulhas de pensamento.
Ficamos todos os três em uma mesma cama sob o manto carmim. Obviamente você está muito distante para nos acompanhar.
Onde nossos dedos não alcançam. No lugar em que nossa voz não ecoa. Um aí em que não há nós.


C. B. O.