terça-feira, 26 de novembro de 2013

Dentro


"Me escondi/ pra não ter que ver você dizer/ coisas que eu não merecia ouvir/ era você ou eu.
Escolhi o pior lugar para me esconder/ me tranquei por dentro de você/ e não sei mais sair (...)"


Esperar você dormir para jurar minha paixão, tem sido minha sina.
A cada dia é mais difícil desdobrar de mim o que sou eu, o que é você, quem somos nós.

Tanto dentro de mim vibra, na espera de um acontecer que nunca ocorre.
Vibra na busca de um novo que não encontra espaço para se dar.
Vibra na tentativa vil de dar sentido ao que foge das linhas principais.

Ao meu lado, um vaso de flores e chocolates.
Para mim.
Destinados à mim.
Um brinde ao amor?

Não há nenhum bilhete junto a eles.
Nada do tipo "para minha menina"; "para você, linda", "para minha boba", "para você, Cris".

Não há.

E a inexistência torna o ruído cada vez mais silencioso.
Por mais que eu queira ouvir, ele se afasta, dia a dia.

"eu só não consegui foi te acertar o coração."

Ah, a Ana.

Amedrontando meus medos mais sinceros. Dizendo que minha raiva e meu amor caminham de mãos dadas. Dizendo que sua sombra mora em mim. Dizendo que eu, tola, vivo dentro de você.

Daí, não importa muito o que venha de fora, não é mesmo?
Não importam as tentativas vãs, as rosas e os doces.
Nada me toca se não te tocar primeiro.

Me sinto molestada por esse sentimento.

CBO

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Palavras sobre as espumas

Meu amor,
Nossas rosas ainda estão aqui.
Não mais as mesmas
Dissecadas agora pelo tempo.

Meu amor,
As rosas não falam,
Elas nem sequer mais exalam
o que há de ti,
o que houve de nós.

Meu amor,
Nossas rosas estão rasgadas
Pétala a pétala, retalhadas.
Essas rosas não são mais as mesmas.

Outrora, todavia,
Humores nela padeciam
Após o repousar longínquo de nossos amores.

Meu amor,
Nossas rosas merecem costura?
Merecem a fissura e um novo
amanhecer?

Olhando para as rosas
que hoje falam comigo
Penso e recordo
Recordo e vivo
Mas elas estão mortas,
Despedaçadas,
Rasgadas,
Tal qual nosso amor.

Meu amor?
Tu és de outros amores,
De novas rosas,
De outras cores,
De novos céus,
De outros humores,
És tudo, menos meu,
Menos Rosa.

Sozinha, no quarto,
contemplo o ontem.

15.11.2013


(C.B.O.)