sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Subversão.





Não concordo muito quando leio/ouço que hoje, no Brasil, temos a bancada mais conservadora antes já vista. Não há, no Congresso Nacional, nada de conservador, pelo contrário. Lá, os sujeitos prezam pelo que de mais moderno há. Carros de luxos, viagens em aeroplanos confortáveis, aparelhos eletrônicos deveras sofisticados, viagens magnânimas, comodidade em todos os sentidos.

Não, não são conservadores, são hipócritas. E a hipocrisia sangra no Planalto Central e faz com que muitos brasileiros morram por dia. E a indignação diante de tal verdade é calada pelo grito de nossos políticos.

Gritam um ódio mascarado contra o aborto enquanto abusam de meninas em suas fazendas, perpetuando os casos antigos que conhecemos desde as histórias nas senzalas. Menosprezam os casais homoafetivos, mas pagam e maltratam os profissionais do sexo na rua. A maioria são travestis: homens vestidos de mulher. E a maioria, dos que pagam, não pagam apenas para “comer” (para ser sutil).

Assim como esses, muitos outros exemplos de gritos de ódio são espalhados diariamente.

Ódio contra os pobres e negros. Ódio que usurpa o direito de o ser humano ter uma saúde digna, uma alimentação digna e condições de educação digna e igualitária. Gritam pela meritocracia enquanto esmagam milhares de brasileiros em suas escadas de diamante. Esmagam as mãos que, nos rios de mercúrio-sangue, colhem o “fruto de cada dia” para estes sujeitos do poder.

Esses sujeitos do congresso só podem ser considerados conservadores no sentido de quererem conservar tudo aquilo que eles já roubaram de nosso país. Todo o status quo, preservando de quem seja o mando em nossas terras.

Fico indignada de pensar que os classificamos como conservadores. Os conservadores somos nós, povo, que os conservamos em lugares demasiadamente poderosos para tamanha incapacidade. Conservamos nós essa ideia de que um sujeito da elite compreenda e saiba defender os direitos do povo. Conservamos a ideia de que um médico compreende mais sobre as questões políticas do que cientistas sociais. Nós, povo, conservamos.

E lá, no fundo, os congressistas riem do nosso conservadorismo. Riem enquanto, no auge do progresso, seguem aproveitando os frutos que a nossa ignorância planta. Seguem, cegos e surdos aos nossos gritos de basta. Seguem, porque não querem ficar parados. Eles, meus amigos, estão em plena caminhada ao novo. Nós, por outro lado, aprendemos, dia a dia, a sobreviver com o mesmo – ou menos.

E ainda reclamamos de nossas escolhas.

No fim, tudo é hipocrisia.



CBO