segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Antigo amor.

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"Ser saudosita é um grave defeito.
Você lembra quando quer esquecer. E esquece que ao lembrar de esquecer, cai você na armadilha.
Armadilha de lembrar novamente.

Mas se há o saudosismo, há também as falhas da memória.
Lembro do seu gosto, mas aos poucos vou esquecendo da cor dos seus olhos.
Sua mão sobre minha costas... sem a cor da sua pele.
A sensação gelada quando você me tocava ao chegar em casa,
Mas não existe mais a cor dos seus cabelos.

Não lembro mais do seu sorriso, mas posso sentir seu hálito quente na minha nuca.
São fragmentos, fagulhas.

Hoje o dia sombrio é de lembranças.
Mas, quantas realmente ainda estão aqui?

Seu cheiro na minha pele. Seu corpo no meu corpo,
na sensação única de total entrega.
Mas já não lembro o tom da sua voz.

Minto. Ainda ouço você dizer "te amo ...vem cá".

E perpassa no meu sentir a dúvida se houve ou não todos esses momentos.
Se houve todos esses enlaces.

...enquanto isso, pesa sobre mim seu corpo. Todo."


[cristiane oliveira]

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Tintas



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‎"Tudo pode ser pintado de alegria.
Mas as gotas de tristeza resvalam pela tela.
Uma mão suja aqui, um pincel mal lavado ali.
Algo vicia o quadro,
Destorce a vista,
enriquece e apodrece, no mesmo tom, a paisagem.

E os desenhos se fazem
tão somente
tal qual a realidade."

C.B.O.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Eu...voltei?

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Como um barquinho de papel nas águas turbulentas de uma banheira, eu vou-e-volto.
E você me espera, vocês me esperam... e eu me espero.

Como um soluço que não quer passar, eu me seguro firme, rija, doce, ao seu lado.


Quando eu cai, achei que a coisa mais difícil seria levantar da cama e viver. E foi difícil, quase impossível, pois eu não queria mesmo mais viver.
Queria ficar ali e ser, para sempre, o ser que não é mais.
Por que simplesmente é mais fácil não ser do que ter que se refazer dia-a-dia, a todo momento.

E a vida é assim: "segundas e sábados..." e quando a gente menos espera, lá está ela cobrando seu tostão.

Mesmo fraca, sinto-me forte.
Mas me cansa a fraqueza dos que me cerceiam.
E quanta fraqueza têm me cerceado!!

Fico me questionando dos motivos e razões e...tudo numa sem-razão-sem-fim, que nem sei mais.
Ontem eu estava chorando e cai.
Mas levantei.
Dai encontrei alguéns para me alegrar e sorrir.
Depois descobri que esses alguéns estavam cheios de furos e de dores.
Foi triste ter que me reabilitar para ajudar aos outros alguéns.
Mas eu sou assim: vivo por doação. Quando eu me dou, sou mais eu.

E é assim que meu hoje se faz.
Nessa ciranda maluca do amor transpassado.
O amor que transpassa e macula. Que dói. Que arde. Que nos faz cair ao chão.

Mas eu quero o amor desmedido, furado...
Antes ele do que a ausência do amor.


[C.B.O.]

17.10.2011



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Há um ano atrás, era domingo.






E este domingo levou consigo uma parte significativa de mim. Era domingo e era hora da






Dona Lica descansar.






E foi-se.




Perdi alguém que nunca recusou suas mãos a ninguém; um alguém de quem todos possuem






uma boa história para contar.




Ela viveu seus 98 anos de pura entrega e lição de vida.




Um tempo depois da morte de minha avó, sonhei com ela e, meu Deus, ela estava linda e só






me perguntou sobre o Amor.




Ela era todo Amor, mesmo qdo brigava com a gente.




Já faz um ano, mas ainda sinto imensamente sua falta: falta do cheiro, das tranças, das






verrugas de seus dedos, dos doces, do jeitinho de contar histórias, de andar ao seu lado e






aprender a ser paciente.




Ela já estava muito cansada para ficar entre nós, por isso se foi. Mas deixou muito, deixou






um novo modo de viver, deixou um mundo Dona-Lica-de-ser!






Sinto sempre, sempre sua falta, vó. Quando preciso tomar sérias decisões, qdo estou sozinha,






qdo tenho medo, qdo quero me tornar uma pessoa melhor.




Mas sei que você não aguentaria nos abandonar tão-somente. Você, vó, que é puro amor,






olha e cuida de todas essas vidinhas que passaram por seu caminho iluminado.




Que você descanse. E eu te amo.




Fico feliz de saber que há um ano e dois dias atrás eu tive oportunidade de dizer isso à você.






E o resto é só sentimento...














Criseida.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Sobrevivência

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Sim, eu sei que eu vivo e sobrevivo sem você.
Eu sei que eu sou boa sem você.

Mas, com você, tudo era muito melhor.


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