terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Detalhes

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O pensamento, às vezes, dá um tibum na nossa alma, apenas pra que possamos acordar mais atentos depois...



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A bola quica, bate, volta, rola, passa, voa, ataca, retorna, pinga, some, retorna: sempre bola. Um dia,entretanto, ela fura. A brincadeira acaba então.




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Um pensamento que deveria ser constante nos homens: "As mulheres são vingativas, cuidado."


Como dizia Riobaldo:
"Vingar é comer frio o que o outro cozinhou quente demais."


Por ora, só.

beijos

CBO.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Aberta?

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Cansei de responder à mesma pergunta. Doravante pendurarei no meu pescoço uma placa com os seguintes dizeres: "- Não, eu não namoro." As pessoas tem uma mania delicada de confundir as coisas e exigir sempre por um próximo passo. Vivo uma relação aberta, segundo meu "parceiro". Tempos modernos. Mas é uma relação onde, de aberta, realmente, só é a comunicação com outras pessoas, nada de ficar com outros por ai. Também, nesta relação que não permite poligamia, nós conhecemos nossas famílias e frequentamos nossas casas. Eu muito mais do que ele: é que ele ainda teme meu pai. Bobagens.
Ainda, nessas regras, saímos juntos quase sempre. Pelo menos os sábados, dias dos namoros, são reservados um-para-o-outro. E eu gosto disso.
Conheço a turma dele, divirto-me com ela. Agora, começo até a trocar segredos com algumas destas amizades. Às vezes isso o assusta. Outro dia, ele conheceu minha melhor amiga. Foi fantástico! Poucas pessoas do meu dia-a-dia a conhecem. É que ela mora longe. E ela também fez a tal pergunta.
(Acho que já tenho a resposta correta pra isso, mas quero dar a ele o gostinho de descobrir.)
Algumas vezes me pego pensando nele. Pensando até demais, pelo que calculo. Mas lembrar dele é bom. Ele é gentil e doce, mas o que me encanta é sua inocência. Nunca, porém, disse isso a ele. Ele não sabe que a inocência acontece também nas pessoas que não são mais puras.
Por pensar nele assim, e acreditar nos sonhos que ele planta, deduzi que gosto dele.
Mas é tão difícil dar-lhe um nome:

amigo, amante, companheiro, parceiro, colega, ficante, caso, rolo, namorado... ???
Nomear é como restringir a uma função.
Mas não gosto de pensar que, por não haver "O" nome correto, as pessoas, e até nós mesmos, na casualidade, tenhamos o direito de dar a essa coisa tão bela, que faz o peito bater firme, qualquer nome vulgar. Não sou um rolo. Rolo é algo ruim que nos deixa enrolado e nos tira de ordem e, na maioria das vezes não é bom, por exemplo. Esta, na verdade, é minha única preocupação.
Ou não. Também fica difícil explicar meu estado civil como "relação aberta" se, na real, somos tão restritos um ao outro. Acho até que ele goste um pouco de mim.
Uma vez estávamos juntos numa roda de amigos. Passava da meia noite. Ele veio em meu ouvido e sussurrou: "Feliz Aniversário". Um frio enorme percorreu minha espinha. Calafrio de primeiro beijo. Sempre que relembro, minhas pernas fazem bambiar.
Neste dia, ele deixou de ser simples, para ser complexo no meu ser.


O nome disso, sim, eu já sei... mas ainda quero que ele tenha o gosto singular de descobri-lo.



[cbo]

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

18/12

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No mesmo dia do tal encontro com meu amigo, e da minha coragem surgida do nada, fiquei sentada, a esperá-lo, perto de um grupo de jovens.
Quando cheguei havia apenas um garoto numa mesa com várias cadeiras em torno dele. Pedi-lhe licença e uma das cadeiras, para que eu pudesse sentar-me à mesa do lado e escrever minha coragem.
Estava dez minutos adiantada. Talvez meu amigo se atrassasse. Sentei, peguei uma caneta e meu caderno na bolsa, e comecei a escrever. O dia, com o horário de verão, ainda estava claro e poucas pessoas transitava por lá, no shopping.
Entretanto, em dez ou quinze minutos, o garoto solitário transformou-se num grupo de garotos eumas duas meninas, todos eles com menos de 15 anos. Várias pessoas começaram a passar e cumprimentá-los. O casal, de uma terceira mesa, encontrando quem esperavam, levantaram-se e deixaram-me ali, sozinha, com eles, os jovens.
Alguns homens me olharam; alguns de viés, outros insistentemente, mais dois jovens surpreenderam-me. Também eles teriam menos de 17 anos. Apesar de minha fama de "pedofila", não os encararia, nem por última opção. Mas os garotos passarame repassaram, e eu comecei a perceber que não era fruto da coincidência. Mas os dois não conheciam nenhum de meus "amigos-de-lado", e a dedução foi fácil: como antigamente rodeavam os bancos de praças, estes dois gaviões cerceavam ali alguma presa, e havia três opções: as duas meninas e eu.
Mas todas estas cenas foram ficando distantes quando o assunto do "do lado" entrou por meus ouvidos e começou a invadir meus pensamentos. Jovens?
Comecei a relembrar o que, com quem e como eu fazia as coisas na idad deles. E não sou velha. Suas conversas, no entanto, não me eram estranhas: eram crianças falando de coisas de adultos; falavam de pegação, briga, "baguio". BAGUIO! Sobre com faz menos mal usar maconha do que cigarro, ou, então, mediam o short de uma das meninas com a cueca samba-canção de um dos meninos. Exasperei.
Pensei em quantas coisas eles haviam perdido viveno numa geração tão precoce. Pensei na minha sobrinha assim, pequena, e em toda a pressão que a sociedade exerce sobre ela. Gostaria de tê-la nos braços e garantir que ela pode crescer à vontade, pois estarei lá pra garantir o fim de sua infância. Mas não dá.
Quanto aos gaviões; quando sai do meu recanto e ia "trombando" com eles, eles, nada sutilmente, deram meia-volta e não mais passaram pelas mesinhas..."


[CBO]

sábado, 20 de dezembro de 2008

15/12/08

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Não sei se foi mera coincidência ou concretização do pensamento: hoje eu fui seguida por borboletas.

Sempre gostei de borboletas, de sua beleza leve e sua postura de dançarina do ventre, que vai encantando pouco a pouco seus admiradores. Há de todas as formas e tamanhos e cores. Umas até coloridas demais...já outras tão grandes, tão sombrias (!).
Mas a coincidência brotou da leitura. Fui até a biblioteca municipal começar minha caça aos livros "de férias". Para ler lá mesmo, colhi dois exemplares: um de crônicas e outro de poesia (e eu que tanto amo os romances). O livro de poesias, do Bandeira, nada fez mais do que me alimentar de amor e de curiosidade saciada, li pouco, ao menos uma dúzia de poesias. Já as crônicas...

Sou estudante, de Letras. Sempre gostei de romances, de borboletas da cor amarela. Mas hoje, leio poesias e crônicas e sou perseguida por borboletas; borboletas das brancas.
Faz sentido?

A crônica que li, do Rubem Braga, chama-se "A borboleta Amarela", que também da título à obra. Rubem narra como perseguira, pelas ruas do Rio, uma borboleta que o deixara ...intrigado. Borboletinha faceira, deixou-o apenascom a realidade na mão e, eu, com esperanças de encontrá-la, aqui, no interior de São Paulo (!).
Mas não precisei procurar: as borboletas vieram por mim.Uma, duas, trê, quatro... brancas!

Quando era pequena, diziam que as borboletas brancas davam paz, ou sorte. E as amarelas, o que dão?
Gosto muito do amarelo.

Vou terminar o meu dia com a sorte única de tê-lo podido terminar, será essa a sorte que as borboletas trouxeram-me? Não, as borboletas não deixaram-me nada além desta sorte! Durante o dia fui atormentada por crianças, ignorada por adultos e aguentei o cheiro do molhado da chuva em minha cachorrinha.
Terminarei crendo quea mera coincidência seria incapaz, sozinha, de conseguir trazer tantas borboletas até mim. Ao contrário, meu pensamento, tão forte, tão potente, daria-me um mundo delas: todas pequetitas, esvoaçantes ...e, no meu mundo sem cor, apenas não conseguiriam ser amarelas...

...mas as brancas também são tão...


C.b.o.

*Mar Adentro*

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"Mar adentro...
Mas adentro, y en la ingravedad del fondo
donde se cumplen los sueños
se juntam dos voluntades para cumplir un deseo.

Tu mirada y mi mirada
como un eco, repitiendo, sin palabras:
Más adentro, más adentro
Hasta más allá del todo
por la sangre y por los huesos.

Pero me despierto siempre
y siempre quiero estar muerto
para seguir con mi boca enredada en tus cabellos."

[Filme: Mar Adentro]

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Jogo

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Não te amo mais
Estarei mentindo dizendo que
Ainda te quero como sempre quis
Tenho certeza que
Nada foi em vão
Sinto dentro de mim que
Você não significa nada
Não poderia dizer mais que
Alimento um grande amor
Sinto cada vez mais que
Já te esqueci!
E jamais usarei a frase
Eu te amo!
Sinto, mas tenho que dizer a verdade
É tarde demais.



[LEIA DE BAIXO PARA CIMA!]

Feliz

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Gente, hoje sim estou feliz.
Há dias estou tendo um pressentimento doce e fascinante, que vem perscutando minha cabeça.
Não preciso mais ser mãe.
Sim, isto, posso sê-lo, mas já não é mais algo urgente e necessário em mim.
Pode parecer grosseiro e vil, mas os meios fazem compreender os fins, e vejo que os meus meios são maravilhosamente bonitos e amáveis, para ser considerados vis.

Tenho uma sobrinha; um diminutivo de sobra mesmo.
Alguém que contêm minhas migalhas, mas cheia de um vida que eu não tive e, quiçá, nem chegue a ter.
Nossos caminhos são iguais e distintos. Nossas vidas são semelhantes o que muda é o caminho. No fim, chegamos aos mesmos rumos. Eu AMO minha sobrinha.
Ah, sim, já ia esquecendo-me, ela também é minha Sobrinha, filha de minha irmã.
Eu a AMO tanto.
Desde pequena ela parecia-se comigo..mas ela é tão singular! Cada vez me surpreendendo mais..
Com o tempo, o destino nos separou. Eu fui pra lá e pra cá, e ela, sempre linda, sempre minha sobrinha, parecendo comigo até nos meus mais detestáveis defeitos.
Tão minha.
Apesar da nossa distância física, nossos destinos já estavam planejados, por isso ela insiste em ser minha sobra, mesmo que isso a pertube e irrite, é algo inconsciente. SOBRINHA.
Quando disse a ela que ela era minha sobra-zinha, a encantou profundamente..sei de nossas diferenças, mas penso que o tempo e a maturidade darão um jeitinho nas nossas desavenças.
O que peço, à Deus, é que eu possa viver para que este tempo chegue, já que a única coisa que resta é esperar esse tempo chegar..!!!
Hoje descobri algo que já vinha desconfiando e foi a punhalada final: ela escreve.
Talvez nem ela saiba que escreva e a importância do que escreve, mas escreve lindamente.
Lindamente, pois ela é linda!
Fiquei tão emocionada com tal descoberta, que tive de vir aqui expressar, escrevendo, a alegria que minha Sobrinha me dá, apesar de nossas tantas brigas adolescentísticas..

A amo tanto ..

Um pensamento BEM egoísta: Quero que um dia ela escreva sobre mim !
(dei a ela o que era mais de meu eu, mesmo sem ter a consciência deste processo.)

Cris.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Pegadas dessa marinheira...

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Não consegui dormir esta noite. Rolei e rolei na cama.
Queria levantar e vir escrever. Todas as palavras passaram pela minha mente: era um universo estelar que rompia meu sono e não me deixava sonhar, não me deixava descansar.
Meu corpo tão cansado, minha mente tão ativa.
Agora já está difícil reproduzir tudo que pensei, tudo que escrevi dormindo.

Melhor ir...depois escrevo o que realmente escrevi, acordada.
"Vem vamos embora que esperar não é viver..."

Beijos

Criseida.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Vontades....

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Gastei meu dia com pensamentos e leituras desgastantes. Profundas, interessantes, apaixonantes, mas me desgastaram. E muito.
Hoje estou aqui, comemorando as "des"amarras do meu ano. Mais um ano suportando o peso de carregar a Me-nina por todos os poros. Ela me persegue.
Outro dia acordei no meio da noite, assustado. Abri os olhos e, no meio da escuridão, apenas pude ouvir o seu chamado. Corri e encontrei-a no banheiro, agarrada à latrina. Ó, Deus, ninguém mais diz latrina...junto ao vaso.
Num agir sem pensar, juntei-me a ela. Ficamos ali, os dois, um mirando o olho do outro, como se estivéssemos num parque sob a luz do sol. Mas não era. O local era fétido, inabitável e havia vestígios de lágrimas passadas no rosto da Menina.
Não pude chegar a tempo, ela já houvera torturado-se.
Tantas vezes eu busquei ampará-la, consolá-la, mas ela não quis...ela nunca quer.
Pela textura de sua pele pude sentir o quanto de lágrimas havia caído sem que eu estivesse ali para dar-lhe atenção. Por que a Meni-ninha precisa TANTO assim de mim? Vire-se sozinha! (é o que tenho vontade de gritar, mas não consigo).
Agora preciso ir. Ouço novamente meu nome, não, Deus, não (!), algum dia não suportarei mais...

...já não suporto, mas o limite me enlouquece!

-Sim, Menina, já estou a caminho.



[c.b.o.]

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segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Academia Brasileira de Letras

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Discurso de posse de João Guimarães Rosa:

"Eu gosto do amarelo."


Sim, qualquer semelhança será mera coincidência. [http://pegadasdemarinheiro.blogspot.com/2008/09/antigamente.html]

[Criseida]