domingo, 28 de junho de 2009

Preciso Aprender a Só Ser

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Renato Braz


Sabe, gente.
É tanta coisa pra gente saber.
O que cantar, como andar, onde ir.
O que dizer, o que calar, a quem querer.

Sabe, gente.
É tanta coisa que eu fico sem jeito.
Sou eu sozinho e esse nó no peito.
Já desfeito em lágrimas que eu luto pra esconder.

Sabe, gente.
Eu sei que no fundo o problema é só da gente.
E só do coração dizer não, quando a mente.
Tenta nos levar pra casa do sofrer.

E quando escutar um samba-canção.
Assim como: "Eu preciso aprender a ser só".
Reagir e ouvir o coração responder:
"Eu preciso aprender a só ser."

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Perfil..kut!

quem seria eu em mim sem você?

como num prato de sopa de letrinhas, vivo desenhando palavras pelo ar, e respiro pessoas.
numa onda de necessidade e amor, vivo pelas pessoas que me cerceiam, pelas pessoas que me amam, pelas pessoas as quais faço falta, pelas pessoas que lembram meu nome, pelas pessoas que me reconhecem na rua, pelas pessoas que recordam alguma coisa particular, só minha; pelas pessoas que falam de mim, pelas pessoas do meu dia-a-dia e pelas pessoas do meu de-vez-em-quando.
vivo de pessoas.
e, principalmente, vivo para as pessoas que amo.
pois o amor que sinto é tão grande que abarca desconhecidos. tão grande que suporta amar até mesmo àqueles que me odeiam. tão imenso que sobrevive através do tempo e do espaço, alimentando-se de migalhas e suportando o peso dos anos e dos esquecimentos. tão incomensuravelmente pleno, que não posso deixar de senti-lo.
e eu encho a boca, fecho os olhos, respiro fundo.. e amo.
como se fosse o único motivo pelo qual valesse a pena viver. e não o é?
amor.
e me faz falta a vida não ter tempo suficiente. pois vivemos numa viagem de carro. numa viagem de ônibus, numa viagem qualquer... nosso caminho só nos permite admirar um lado da paisagem de cada vez. um lado em detrimento de outro.
a vida é 'a' escolha da paisagem.
viver é optar por um lado, por um modo, por viver ou não.
a sorte é que a mudança é possível..mas você muda de um lado para não ve-lo mais, e sim ver o outro e, no fim, queda escolhido.
escolhas.
estou numa fase de vida onde todas as respostas necessárias estão na palma da minha mão, esperando, pacientemente, que haja força nos meus braços para lançá-las ao vento. e essa força ainda não há.
mas sinto uma onda de sorte empurrar-me forte para frente, e eu não tenho medo de seguir. não tenho medo de viver, não tenho medo de levar da vida o que ela me oferecer; mesmo se tantas vezes a oferta não for tão agradável...
mas eu quero voar! e quero voar alto, como minhas respostas!
contudo, há uma vírgula que me segura, que segura minhas palavras...
e eu me atrapalho numa insegurança imatura que faz com que eu não acredite no amor que as pessoas sentem por mim. (ou que eu não mereça esse amor, e ele seja sem sentido).
e eu sei que as pessoas gostam de mim.
elas me reconhecem nas ruas, me olham nos olhos, me sorriem..
elas sabem meus modos, pressentem meus desgostos, respondem às minhas perguntas, adivinham meus pensamentos, conhecem meu interior.
e, às vezes, o conhecem melhor que eu.

e vai girando a minha roda da forturna.
e eu não sei o que seria de mim sem você! você, leitor!
não sei o que seria de mim se não houvesse ao menos uma pessoa que parasse e desse algum sentido às palavras que aqui joguei, ao vento ..

[c.b.o]

"eu sou é eu mesmo. divêrjo de todo mundo."
(gsv)

"amar é não ter. inclusive amor é a desilusão do que se pensava que era amor."
( o ovo e a galinha)

"as saudades matam e, para fugir-lhe à morte, vale a pena arriscar a vida."
(machado de assis)


"(...)
i lost two cities, two rivers, a continent
i miss them but it wasn't a disaster
even losing you
the jocking voice
a gesture i love
i shan't have lied
it's evident, the art of losing's not too hard to master
though it look like (write it!)
like a disaster."
(one art)

"que importa que uma estrela já esteja morta se ela ainda brilha no fundo de nossa noite e de nosso confuso sonho?"
(rubem braga)

"cuando muera una persona amada debe sembrarse un jazminero para recordarla todas las noches."
(cien años de soledad)

"ce ne sont pas mes gestes que j'escris;
c'est moi, c'est mon essence."
(montaigne)


...

terça-feira, 23 de junho de 2009

Nósamarelos.

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E há um fino nó roçando minha garganta.
Um nó que aperta, sufoca, agride aos poucos.
e é um nó de um grito rouco que não escapa e nem transcende.

Existe um nó.

E as flores amarelas permanecem no caminho.
E as flores, juntas, amarelando meus dias e meus idos.
E, juntas, as flores, as amarelas, não estão mais sós.


Mesmo assim, o ranço do nó cerceia minha vida.

Com flores, sóis, medo.


E uma solidão danada mescla meu mundo, meus sonhos, meus desejos.
Solidão de coisa imatura, impensada, indesejada, intransigente...
Mas que está aqui.


E um nó aperta meu pescoço amarelo.

Não há o que pensar: o que me resta é a mudez na voz.

E a letargia infinita do viver.
[criseida.]

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Por um sonho profundo.

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Nós nascemos, nós sonhamos, nós somos desiludidos pelo mundo.
A vida nos dá duas escolhas: acreditar nos nossos sonhos ou desistir deles no meio do caminho.
Eu, um dia, esperei encontrar meu príncipe encantado. Um príncipe com cavalo branco, sorriso dourado, olhos cintilantes e milhões de planos de vida. Esse príncipe viria num dia claro, quando eu estivesse à beira da janela admirando um jardim florido. Nossos olhares se encontrariam, minha boca esboçaria um sorriso e eu abaixaria o olhar, por timidez. E, ao mesmo tempo, minhas mãos suariam e meu coração pulsaria tão forte que eu temeria morrer. Morrer por viver demais. De diante ocorreriam algumas palavras, trôpegas palavras, encontros fortuitos e uns beijos roubados à meia luz. Tudo numa magia de existir.
E o "felizes para sempre", fim.
Mas não foi assim. E a vida me mostrou que nunca seria.

Contudo, a princípio, as desilusões foram em montinhos desconstruindo o sonho. E meu príncipe poderia não aparecer num cavalo, nem precisaríamos de tantas cerimônias, mas haveria o "felizes para sempre".

Depois passei a desacreditar em olhares abaixados e timidez. Por fim, decidi que nunca haveria príncipes... muito, muito, muito menos qualquer sintoma de final feliz. E que a magia era um pó invisível e intocável.
Resignada, devotei meus dias à espera de mansidão e paz. Uma pessoa amiga, uma palavra carinhosa e, com muitíssima sorte, mãos dadas num fim de tarde.


Sorte.

Eis a chave mágica de um mundo de sonhos que se torna real. E, com sorte, estive parada, na janela, no momento que um cavalo branco trazia um príncipe... Não perfeito, mas com botas furadas e um sorriso frouxo. E ele vinha dum mundo de desilusões. E meu príncipe, por sorte, sempre sorte, me viu parada à janela. E eu estava tão distraída olhando o mundo passar, que quase o perdi de vista. Ele estava passando, me viu e quase partiu.
E num quase, meu castelo de sonhos quase desmoronou por completo. E esperanças não mais existiam quando meu pequeno príncipe apeou-se de seu cavalo e ofereceu-me sua mão. E eu dei a ele a minha.
Num toque de medo, fé e coragem.

Num toque intenso e tão pleno, nossas mãos pares formaram um só ser. Apenas um-em-dois.
Ele surgiu e o medo de viver agora substituiu o medo de não mais existir. E o medo de viver inclui reinventar, resonhar, reiludir um mundo de príncipes , flores, sorrisos e felicidades.
Mas as pessoas não sabem lidar com a felicidade. A infelicidade é mais fácil, é mais comum...precisa ser reclamada, conclamada de injusta, gritada, fere e é comum à maioria. Talvez essa seja a razão da felicidade não ser compreendida: justamente porque não precisa compreender ou entender ou pensar. A felicidade só quer ser vivida: sem julgar, sem exaltar, sem tabelar: VIVER.

E surge o medo.
Pois que o medo é dessa sensação de liberdade, do sem regras que a felicidade impõe. O medo é porque TUDO pode acontecer... e o tudo é vasto demais.
(eu, hoje, reacredito em príncipes humanos).

[A menina]

[c.b.o]



... Não sei se já cruzei meu príncipe, minha janela, meus sonhos. Mas há planos, projetos e desejos.


"Feliz Aquele que sabe o que procura, pois quem não sabe o que procura, não vê o que encontra."


Fica a chance.
beijos.

Criseida.

Sentimentos(2).

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"Quando o sentimento já não basta, sobra um ranço de adeus e saudade pelo que não foi. Pelo passado que não vingou, pelo presente que não existe e o futuro que nunca se concretizará.
Quando o sentimento se apequena, dois caminhos se descruzam para duas vidas se desfazerem. Ou se refazerem, cada um por si.
Quando o sentimento morre, o risco de ressureição parece impossível e impraticável; e na maioria das vezes, o é.
Quando o sentimento é incapaz de agir, incapaz de existir, uma vida se esvai. E resta o núcleo do nada e uma solidão desumana.
Quando o sentimento some, o futuro nos deixa sem chão.
Quando o sentimento desaparece, duas vidas buscam uma nova forma de viver.
Quando um sentimento se vai, logo surgirá outro dia para raiar o sol. Quando ele vai, não vai só, carrega sonhos, ilusões, desejos...deixa mágoa, tristeza, solidão, lembranças...
E amor.
Pois um sentimento morto é apenas mais um sentimento e um sentimento vivo substitui facilmente ao outro: não em seu espaço, em seu sentir ou em sua forma; mas na intensidade de quem possui a sensação.
Que o sentimento fere quando acaba; mas mata quando lhe é negado o direito de existir.
E o meu morre, na alegria de um dia poder ter existido.
E por isso, não há motivos para desculpar-me."


[cristiane oliveira]

Gotas'

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Que a gota de água que cai indigente sobre a terra seca, corresponde à matéria viva do que se supõe viver. Não é indigente por ser desnecessária: é indigente por ser tratada como mais uma. É viva porque funciona como um propulsor da roda do mundo... é a gota que prosperará a vida. A gota mágica de cada dia. É o mundo funcionando e dando certo: é o mundo e apenas o mundo.
E a gota indigente corresponde à chuva grossa que ensopa nossas terras. A gota que gota a face. Gota a gota.
E o mundo gira na forma da gota indigente que umidificará nossas plantas. E o mundo ganha e florifica.
E apenas o mundo roda e a gota cai e eu vivo.
É simplesmente a indigente gota que, meio as demais gotas, cai decisivamente na raiz do meu cabelo. Cai, florificando meu jardim. Caindo, caindo, caindo.




[CBO]

28/05/2009

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"O que será que a velhinha pensa ao espiar, através das cortinas de sua casa, a rua movimentada?
O que será que o cobrador de ônibus pensa ao deitar sua cabeça na caixa de dinheiro, meio aos passageiros que rodam apressadas as catracas do seu dia-a-dia?
O que será que pensa a professora moderna, ao perceber que seus alunos não compreendem sua profissão?
O que será que pensa um pai de família ao ver seu lar destruído, seus filhos maltratados pelo mundo, seu futuro desmoronando a seus pés?
O que será que pensa essa pessoa desiludida que vê sua crença nas pessoas morrer a cada minuto, ao escrever essas míseras palavras?
Me diga: o que?"



[cbo]

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Compreensão.

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Agora eu compreendo.
Como uma visão que se ilumina, compreendo.
É como se eu sempre soubesse e apenas agora tivesse noção de tudo isso.
Por isso é diferente, por isso é mais forte.
Porque é um sentimento que eu não preciso modificar.
Mais ou menos assim: sem medo. O que eu sinto é tão intenso, e eu não temo. É tão completo, que eu não invento.
O que eu gosto, gosto pois já existe, não reinvento.
É o que diferencia, modifica.
O que eu estou sentindo agora é a segurança de um sentimento que não precisa modificar pra existir, nem teme que as mudanças venham a matá-lo.
Não preciso construir uma máscara sobre alguém para vê-la desmoronar com o tempo. E é por isso que antes era tão vago; e é por isso que antes acabava.
É o que eu acho.
É o que eu penso.
É a certeza que trago comigo neste instante.
(vivo de instantes.)
E essa sensação é tão boa, tão profunda, que sinto uma alegria certeira me preencher e, apenas por lembrar, sinto meus olhos encherem de água. SINTO!
Meu Deus, em qual buraco enfio essa desesperada vontade de viver que tenho que esperar?
Está perto, tão perto, perto demais- quase aqui. E sinto uma onda de amor preencher meu dia.


[cbo]


zwolf/sechs.

sábado, 13 de junho de 2009

ACONTECE

*



Esquece nosso amor vê se esquece
Porque tudo no mundo acontece
E acontece que já não sei mais amar
Vai chorar vai sofrer
E você não merece
Mas isso acontece
Acontece que meu coração ficou frio
E nosso ninho de amor está vazio
Se eu ainda pudesse fingir que te amo
Ai se eu pudesse
Mas não quero, não devo fazê-lo
Isso não acontece.*



[Ney Matogrosso]

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Ditagreve?!

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Tô pensando sobre os fatos ainda. Tô na fase de colocar as cartas sobre a mesa.
Que coisa de maluco!

Não levei tiro, não participei de confusões, piquetes, assembléias.
Tô mais perdida que bixo na primeira semana de aulas:

decepções, descaminho, descoragem. . .


e o que fazer?

Faculdade + Polícia??
DITADURA.


Alunos que não sabem reclamar... será que a culpa é deles?
Dos alunos ou dos exemplos que ele vêem?
Afinal, é o professor que espelha o aluno.
E é o reitor, a SOBERANIA, o espelho da universidade.
Na Universidade de São Paulo, a digníssima reitora é...no mínimo, incapaz de ser bom exemplo pra qualquer aluno.
Com um mandato cheio de complicações, ineficaz em DIVERSOS ambitos, quanto à alunos, funcionários e professores... é difícil que os alunos não se vissem no direito de usar de metódos não-corretos para buscar seus direitos.


E há os MAIS perdidos do que eu (se é que isso pudesse acontecer!).
Há os que não sabem nem POR QUE devem defender sua faculdade.
Tem gente que não sabe que, sem cobrar, nosso destino está resumido num mundo virtual e numa educação MAIS precária do que a imaginação poderia alcançar.

Tem gente que não compreende que a busca por melhorias é necessária e urgente.
Quem abaixa deve estar preparado pra levar.
E eu, apesar de perdida, não quero abaixar minha cabeça.

Estou em greve contra a greve.
Estou em greve contra a ditadura.
Estou em greve contra a TOTAL informatização do ensino.
Estou em greve contra alunos que me ENVERGONHAM: estudam tanto para estar na "universidade dos sonhos", mas mantem uma viseira de cavalo e não sabem olhar para o ensino como um todo, só pensando nos próprios lucros e umbigos.

VERGONHA alheia.

Falta de bom senso também deveria ser crime.


Estudar que é bom, por enquanto, nada.
Que apenas haja um caminho de salvar..

e que ele apareça LOGO.


Espero.

[criseida]

10/06/2009

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Loucura!

o tempo passa raspando entre meus dedos tremulos.

Lua, espera, nova.


e passatempo...passa...


(mais um pouco.)




[criseida]

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Ele sabe..

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Meu coração sabe,
que o mundo é navalha na carne
Que meu medo é medo do medo
que a tarde é continuação da manhã...

e que hoje...ah, que hoje eu sobrevivo.


Meu coração sabe,
que a vida é vindas e idas,
e inda que eu viva a vida,
a parte jamais vivida,
será divida em partes iguais.


Ah, como ele sabe..
Sabe que o mundo é desumano..
e que apesar de todos os enganos,
eu continuo de pé.

Sabe que sou transformista,
transformada,
transformundo.
Que tudo cambia num segundo,
mas nada deixa de ser...
apenas de sentir.


Sim, coração vagabundo...
que vaga pelo mundo atrás de uma razão,
sabe que a maior emoção
é o ser mesmo não sendo,
o querer, mesmo não querendo...
O existir..nesse mundo de cão!


Eita coração que sabe..
Eita mundo que me bate...
Eita vida que me surpreende, me amolece, me ganha!

;)



[cbo]

terça-feira, 2 de junho de 2009

E eu tinha que lembrar?

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Desde quando eu tenho que ser se eu não o sou?
Desde quando minhas falhas loucas mudam sua rotina?
Desde quando eu comecei a prestar pra você?

Desde quando o mundo gira e a culpa minha?
Desde quando o disco arranhado é falha da mão?
Desde quando a criança desordeira é apenas o fruto do pecado?

Desde quando você mora ao lado?

Desde quando preciso gritar pra ser ouvida?
Desde quando preciso me esconder pra ser mais vista?
Desde quando preciso crescer pra ser madura?
Desde quando você faz falta na minha vida?

Desde quando meus caminhos me confundem?
Desde quando ando muda e passo fome?
Desde quando não decido nem desato?

Desde quando há tantas perguntas?

Desde quando encontro luz no escuro?
Desde quando o incerto é meu futuro?
Desde quando, você, meu Arcturo,
desde quando eu consigo ter você no meu destino?

Desde quando a pergunta é o caminho?
Desde quando escrever é salvação?

desde ...


[cbo]