terça-feira, 23 de junho de 2015

Sobre o poético no não-poetizar.

[98] Y así es cómo los que nos iluminan son los ciegos.
Así es cómo alguien, sin saberlo, llega a mostrarte irrefutablemente un camino que por su parte sería incapaz de seguir. La Maga no sabrá nunca cómo su dedo apuntaba hacia la fina raya que triza el espejo, hasta qué punto ciertos silencios, ciertas atenciones absurdas, ciertas carreras de ciempiés deslumbrado eran el santo y seña para mi bien plantado estar en mi mismo, que no era estar en ninguna parte. En fin, eso de la fina raya... Si quieres ser feliz como me dices / No poetices, Horacio, no poetices.

Rayuela, J. Cortázar.

terça-feira, 16 de junho de 2015

(Não tão) Velhas máximas



Estar apaixonado é cegar-me. Há uma flor no caminho. Quanto mais cedo madrugo, mais tarde se torna o momento de encontrar-te em meus sonhos. Sempre sobra perfume nas mãos que oferecem prazeres. Em terra de cego, quem tem um olho é todomundo. Feche os olhos se quiser ver. Toque se quiser entender. Durma se quiser lembrar. Diga se quiser sentir. Ame a mim como se amanhã estourasse uma terceira guerra mundial. Permita que os olhos amem acima de todas as palavras. Vença a cada dia os desafios de nos constituir. Proponha apenas o que nos fizer esquecer. Registre algo que faça acalentar. Limpe meus desatinos com a doçura de um beijo. Corra apenas se for os dedos em minha cintura. Deixe que eu nada saiba e queira aprender. Professe à mim suas mais pertinentes lições de amor. Torne prática sua teoria acumulada. Tudo no mundo é fazer-se. Viva junto a mim uma nova história. Desvencilhe os eus para nos enroscarmos em nós. 


[cbo]