segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Aberta?

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Cansei de responder à mesma pergunta. Doravante pendurarei no meu pescoço uma placa com os seguintes dizeres: "- Não, eu não namoro." As pessoas tem uma mania delicada de confundir as coisas e exigir sempre por um próximo passo. Vivo uma relação aberta, segundo meu "parceiro". Tempos modernos. Mas é uma relação onde, de aberta, realmente, só é a comunicação com outras pessoas, nada de ficar com outros por ai. Também, nesta relação que não permite poligamia, nós conhecemos nossas famílias e frequentamos nossas casas. Eu muito mais do que ele: é que ele ainda teme meu pai. Bobagens.
Ainda, nessas regras, saímos juntos quase sempre. Pelo menos os sábados, dias dos namoros, são reservados um-para-o-outro. E eu gosto disso.
Conheço a turma dele, divirto-me com ela. Agora, começo até a trocar segredos com algumas destas amizades. Às vezes isso o assusta. Outro dia, ele conheceu minha melhor amiga. Foi fantástico! Poucas pessoas do meu dia-a-dia a conhecem. É que ela mora longe. E ela também fez a tal pergunta.
(Acho que já tenho a resposta correta pra isso, mas quero dar a ele o gostinho de descobrir.)
Algumas vezes me pego pensando nele. Pensando até demais, pelo que calculo. Mas lembrar dele é bom. Ele é gentil e doce, mas o que me encanta é sua inocência. Nunca, porém, disse isso a ele. Ele não sabe que a inocência acontece também nas pessoas que não são mais puras.
Por pensar nele assim, e acreditar nos sonhos que ele planta, deduzi que gosto dele.
Mas é tão difícil dar-lhe um nome:

amigo, amante, companheiro, parceiro, colega, ficante, caso, rolo, namorado... ???
Nomear é como restringir a uma função.
Mas não gosto de pensar que, por não haver "O" nome correto, as pessoas, e até nós mesmos, na casualidade, tenhamos o direito de dar a essa coisa tão bela, que faz o peito bater firme, qualquer nome vulgar. Não sou um rolo. Rolo é algo ruim que nos deixa enrolado e nos tira de ordem e, na maioria das vezes não é bom, por exemplo. Esta, na verdade, é minha única preocupação.
Ou não. Também fica difícil explicar meu estado civil como "relação aberta" se, na real, somos tão restritos um ao outro. Acho até que ele goste um pouco de mim.
Uma vez estávamos juntos numa roda de amigos. Passava da meia noite. Ele veio em meu ouvido e sussurrou: "Feliz Aniversário". Um frio enorme percorreu minha espinha. Calafrio de primeiro beijo. Sempre que relembro, minhas pernas fazem bambiar.
Neste dia, ele deixou de ser simples, para ser complexo no meu ser.


O nome disso, sim, eu já sei... mas ainda quero que ele tenha o gosto singular de descobri-lo.



[cbo]

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