quinta-feira, 25 de setembro de 2008

No ar: Elegias!

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É comum encontrar semelhanças em meros acasos, pensar que a coincidência é a Travessa em certas horas, mas há tantas coisas previamente realizadas- comuns que, no seu útero, já visavam assim sê-lo...


Há duas músicas (não só duas, óbvio!) que ganharam minha atenção quanto a isso, hoje, ao ouvir, por acaso, uma delas que tocou no meu plano de fundo e, ao vir na internê pesquisá-la, por todo o fundo erótico que ela conota, e toda as críticas que sobre ela recaem, etc e tals, dou de cara com uma cópia...

Cópia?
Ora pois, não é que a primeira era "cópia" da segunda? Ou o revés??




...sim, surpreendentemente era o contrário, Caetano bolou, Belchior refez.
Acho que foi isso, mas tudo são achismos, minha pesquisa quanto a isso era limitada...vagas datas!

Aqui vai, então, a razão de toda a polêmica, na ordem do achado, primeiro CAETANO:



ELEGIA


Deixa que minha mão errante adentre
Em cima, em baixo, entre
Minha América, minha terra à vista
Reino de paz se um homem só a conquista
Minha mina preciosa, meu império
Feliz de quem penetre o teu mistério
Liberto-me ficando teu escravo
Onde cai minha mão, meu selo gravo
Nudez total: todo prazer provém do corpo
(Como a alma sem corpo) sem vestes
Como encadernação vistosa
Feita para iletrados, a mulher se enfeita
Mas ela é um livro místico e somente
A alguns a que tal graça se consente
É dado lê-la.

(in: Cinema Transcendental
Ano: 1979)


A "rival", com uma conotação sexual mais explícita,
recorrendo à
simbolos mais apimentados, "moderninhos",
numa linguagem mais "curta e grossa",
eis BELCHIOR:




ELEGIA OBSCENA

Meu bem,
Admire meu carro e goze
sozinha

Enquanto eu fumo um cigarro
Mas cuidado! Atenção!
Oh! Não vá quebrar
Mais nenhum coração!
Podemos até nos deitar
Mas você saberá
Saberá que será
Puro flertar, paraíso
perdido

Meros toques de Eros,
um sarro, um tesão.


Oh! Oh! Bad bed times!
Os teus peitos no jeito
E eu pego e me deleito
Na flor do meu umbigo!
...E ainda ponho a camisa
Que avisa, precisa:
"I can't get no satisfaction!"

Oh! Oh! Bad bed times!
Onde os puros saberes?
Onde a fúria de seres humanos
Contra a ira dos deuses?
Oh! Que cena obscena!
Pedir: "Por favor, nada de amor!"
"I can't get no satisfaction!"

(in: ELOGIO DA LOUCURA
Ano: 1988)



A diferença entre as letras é brutal e, concomitantemente,
simplória: uma questão de gostos.

Uma, hermenêutica, trabalha num não-revelar-penetrando, é
quase como visualizar o ato,
e, ao mesmo tempo, muito pouco
é dito, realmente...são apenas pontos com os quais o ouvinte,
junta
ndo, vê a imagem, como nos jogos infantis.
Já a segunda letra escancara, é moderna em amplos sentidos.É
o sexo do moderno, livre,
sem tabus, podendo ser visto,
vivido e apreciado como o comum do dia-a-dia, desde seu título.
Aparecem dados
que retratam esse mundo moderno: cigarros,
carros, estranjeirismos, uso de palavras consideradas
chãs,
como meros vocábulos casuais: "gozar", "tesão", enfim...



....não nos deleitemos numa análise minuciosa de fato tão
coloquial,como diz a frase, cujo autor,
perdoa!, já nem
mais reconheço, "No mundo nada se cria, tudo se transforma"
(Darwin..rs), as letras também
ganham novas roupagens, tomam
banho e trocam de roupa. Banal.


Mas boas músicas, pra se pensar, pra se juntar, pra se
analisar, pra se perder...



Bjo.


Criseida.


(post coloridówski!)

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