segunda-feira, 16 de março de 2009

Abelhas.

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Aqui pensando com meus sabugos.
Pensamentos...
Há dias em que estou tão hermética, que esse hermetismo serve para preservar minha face. Para conservar os sentimentos que tenho sem ter de expô-los ao máximo. Só que não consigo mais!
(Ou não consigo por ora).
É que outro dia escrevi o que "saiu" de mim e, ao reler, vi que estava tudo tão estampado, de tal forma transparente, que tive medo. Medo de publicar, medo de revelar minha vida através de minhas palavras. E a contradição é tal e tamanha, pois há vezes em que me faltam meios de expressar-me e, agora, assim, traduzida, não há coragem para entregar-me aos outros.
Por isso digo que é medo. E é pelo medo que falho. Estou cheia de reviravoltas de ser em mim. E não mais consigo reprimi-los. E não posso publicá-los. E me angustia esse descompasso. Não há matéria de que não trate ou vida que eu não englobe ou amores que eu não deseje. Mas sou uma abelha só.
Eu, abelhinha, estou só com meu mel. Mas vivo numa colméia em meio a tantas e tantas abelhas(!). Mas não dou um passo.
Aqui, eu, melada, parada, sozinha, vivo.
E aqui, estou eu, pensando.
E não há como pensar.
E não há como escapar ao destino de decidir.
E não há como escrever e não me revelar.
E não há meios de me esconder se vivo assim, tão exposta.
Meus meios são fracos pois, no fundo, há uma abelhinha zumbindo em mim: ela quer voar, rumo ao mel, ao sol, às flores amarelecidas...

15/03/2009

[C.B.O]

*amarelecidas: neologismo, amarelo+ envelhecido.

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