quinta-feira, 16 de abril de 2009

Gritos

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E eu preciso gritar com as cordas vocais que não alcanço e no volume máximo que não pressinto.
E eu preciso gritar com minhas garras à mostra e com a vontade dos campos de batalha.
E eu preciso gritar com a ânsia brutal de arrancar-me à vida de inconstâncias sentimentais.

E eu quero gritar.

Gritar e descobrir através desse grito o que guardo no fundo dos meus mais profundos desejos.
Gritar e descobrir através de mim aquilo que não consigo enxergar quando apenas meus olhos me vêem no espelho.
Gritar e seguir o fio invisível pelo qual atravessam minhas palavras e que eleva meu ser.
Gritar e descobrir quem sou.

E eu preciso gritar.

Mais do que a alma possa suportar.
Mais do que o vento possa encurvar.
Mais do que a calma branda possa aquietar,
eu preciso de MAIS.

E eu vou... vou gritar.

Gritar e ver escoar por meus lábios o que de mais puro sair do meu coração...seja gota de mel ou fel:
Mas algo há de sair.

E por isso eu vou gritar.

Gritar até jorrar o sangue pastoso e espumante que sobe e desce de minhas veias, que busca caminhos por meu corpo cansado, que corre impaciente por minha mente confusa e doentia.

E eu quero curar-me.

E assim devo fazê-lo.


Gritar.


sim, eu gritarei ...mas quem haverá para ouvir os mudos sons que sairão desse gigante e ineficiente gesto?


E algo muda(isso eu sei). Apenas não a mudez das minhas palavras.

E há o grito.






cbo.

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