segunda-feira, 3 de junho de 2013

De frente com Cadu.



Esta noite me sinto uma Carrie Bradshaw. Chego em casa, há uma noite chuvosa de outono lá fora, após um encontro com um amigo. Sento em frente ao computador para escrever, com meus cabelos longos, cacheados, presos da mesma forma que a fictícia escritora costumava aparecer em sua série. Ela escrevia sobre sexo, sobre a cidade, sobre o amor.




Eu, nesta noite, após esta conversa, escrevo sobre reencontros. Sentir que no outro há algo que você esconde de si mesmo. A capacidade de dissimular nosso mais puro elemento. Me perco nas palavras ao tentar representar meus sentires.

Uma conversa que me muda, que me molda. Um sentir-se em casa, ao falar com alguém que, de tão seu amigo, é uma parte de você também. Só posso ser grata. Grata por sentir e por ver concretizado, em palavras, sensações e sentimentos que eu pensava ser tão egoisticamente meus. Que eu, iludida, acreditava que nenhum outro ser pudesse sentir: eu alienante, alienígena.

Ao encontrar esse amigo, constatei que o amor, os amores, se produz na vida, nas mudanças da vida, nos passados e presentes, nesse limbo entre a experiência e a necessidade de um porvir totalmente novo – apesar da consciência de que o novo nunca será plenamente novidade.

Comungo com o mundo minha vontade liberta de dizer que sou uma pessoa com um passado que me preenche, mas não me transborda. Sou alguém que vislumbra o que teve, mas teme, pesarosamente, o que há de vir, e por isso vacila.

Sou uma pessoa imperfeita, repleta de desejos que reprimo. Repleta de medos que me limitam. Repleta de sensações que me amputam as ações. Repleta de “já sei o que vem”, impedindo a possibilidade do novo.

Essa, Carrie, sou eu.

O amor bate em minha porta, nesta noite, como as gotas de chuva tintilam minha janela: na forma de um sopro, na forma amiga, mostrando quão frágeis são os meus vidros.

Este, o amor, o estranho, o intruso, o parente que você não quer receber, o outro que você não sabe lidar, o medo de que o que é mais seu possa aparecer, o novo, o belo, o vital, o surpreendente.

Escrevo, hoje, para demonstrar que minhas frágeis mãos encontram consolo nos ombros amigos que cruzam minha vida. Nas palavras mais sinceras que penetram minha alma. No encontro mais simples que a amizade pode gerir.

Amar, neste outono, continua sendo possível.
C.B.O.

Nenhum comentário: