domingo, 6 de abril de 2014

A paixão segundo G. H.

Esse trecho é incentivador. Quem sabe assim eu crie coragem de ler. Quem sabe assim eu compreenda melhor a falta da terceira perna.

De uma lindeza, uma sutileza clariciana, que clarifica nosso modo de ver o mundo.
Com amor, todo o amor dominical, segue:


"Perdi alguma coisa que me era essencial, e que já não me é mais. Não me é necessária, assim como se tivesse perdido uma terceira perna que até então me impossibilitava de andar mas que fazia de mim um tripé estável. Essa terceira perna eu perdi. E voltei a ser uma pessoa que eu nunca fui.Voltei a ter o que nunca tive: apenas as duas pernas. Sei que somente com duas pernas é que posso caminhar. Mas a ausência inútil da terceira me faz falta e me assusta, era ela que fazia de mim uma coisa  encontrável por mim mesma, e sem sequer precisar me procurar. Estou desorganizada por que perdi o que não precisava.?"

[Clarice Lispector]

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