terça-feira, 20 de agosto de 2019

Um diário de Bordo - Parte 1



 Estou há exatos 20 dias vivendo em outro país. A sensação de estar fora, lejos de mi casa, é mais digerível agora do que o fora 30 dias atrás.
Sair do país, da zona de conforto, da possibilidade linguística de expressão plena, dos cheiros, da comida, do toque dos meus animais. Sair.

Sai. Naveguei em outras águas.

De alguma maneira, estou descobrindo que viver em outro país, com outra língua, faz da gente sujeitos mais poéticos. Tudo que explico vira poesia. Você já tentou falar para a dona da casa que a descarga do vaso sanitário disparou e você teve que fechar o registro e agora não sabe como arrumar?

Ou que as suas unhas descamam porque estão fracas?

Você já tentou contar para as amigas da universidade que o frio faz você querer ficar em casa, sem banho, sem louça, sem comer, mexendo o mínimo possível...por preguiça?

Tente explicar qualquer coisinha mais complexa e descubra o poeta que vive em você. [Isto é quase um marketing que coachings usariam, mas no caso, não é não.]

Quero escrever mais sobre essa experiência e sobre as não experiências.

Como é a experiência de descobrir que a gente às vezes pode fazer muita coisa sem falar nenhum A com outra pessoa. Ir passear, ir ao mercado, ir à ginástica por exemplo. E depois, quando refletimos um pouco, sem hipocrisia envolvida, descobrimos que fazemos isso, inclusive, em nossa língua mater.

Por que nem sempre somos tão sociáveis quanto determina a nossa espécie.

C.B.O.

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