Meus mecanismos de defesa
sempre me deixam com essa sensação de solidão... É um vazio que me
arrebata o chão.
Feito lâmina afiada, assim culminam meus sentimentos
mais quentes na hora do porém...
Um por quê se refaz a cada mínimas passagens de tempo, de
modo que a pergunta-mor nunca esmoreça, sempre se apresente, seja constante.
Penso nas possibilidades mais retrógadas, do tipo
não-me-importar. E ai, novamente, caio na velha armadilha de não ser eu.
Desconheço animal que tente fugir mais de si para se adaptar ao outro. Animal,
tão acéfalo, que não se aceita, que não se assume. Bixoburro é o que sou, é o
que estou.
Numa constância de não me reconhecer nas decisões que
preciso tomar. É preciso me impor a mim e, desta forma, criar um retrato digno
do que eu sou, o do que eu estou: do que sou eu, neste minuto.
Os próximos passos são muito distantes para que eu recai sobre
eles com um pensar fixo e doentio. É preciso que eu excomungue dessa
necessidade de gênese e de futuro certos. Não há certeza nessa linha tênue que
me mantêm viva no agora. E, se tudo é tão impreciso, por que motivo eu deva
deixar de me-ser, deixar de me-escolher como guia?
Passo a outros as vontades que lhes cabem. Não há como
recuar dessa escolha. Mesmo que ela gere
congelamentos e dores à flor da pele, os laços que dela resta serão a
força de seguir a um “em frente” que pode durar horas, dias, eternidades.
Cristiane Oliveira.
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