quarta-feira, 10 de julho de 2013

Soneto de julho









É muito tarde para não te amar.

Tudo o que ouço é o sopro do teu nome.

O que sinto é teu corpo, que consome

— presente, ausente — o meu corpo. Luar

em que me abraso, morro: teu olhar
ofuscando memórias, onde some
um mundo, e outro se ergue. Sede, fome
e esperança. Ah, para não te amar

é tão tarde que tudo é já distância,
que só respiro este luar que me arde,
este sopro sem praias do teu nome,

esta pedra em que pulsa e medra a ânsia
e esta aura, enfim, em que me envolve (é tarde!)
o que és — presente, ausente — e me consome.
-

Ruy Espinheira Filho

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