quinta-feira, 17 de julho de 2014

Escritos que teimam, escritos teimosos.

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Tenho escrito. Muito teimosamente, insisto em escrever aquilo que não só me preenche, mas insiste em transbordar de mim. Meio a regras gramaticais e dúvidas teóricas, escrevo aquilo que teima em ser o que eu faço, o que eu devo fazer de melhor para mim, para ti, para.

Tantas quantas palavras saem de mim. E foi assim que eu escrevi uma carta há quatro dias atrás. Duas páginas, letra redonda, palavras selecionadas com cuidado: uma carta difícil de entregar. Quando erramos a  receita na cozinha, há um ditado que diz que "perdemos a mão". Não só na cozinha, mas perdemos a mão em vários momentos na vida. Eu perdi a mão no saber amar, saber amor, saber ser nesse sentimento que eu tanto contemplo. Talvez por tanto contemplá-lo, fico vítima desse movimento de endeusação. Mas como saber se há amor para viver, se há uma fagulha por onde se entregar? Sempre tenho dúvidas.

Só que dessa vez as dúvidas foram menores do que a coragem de entregar uma carta, com letras redondas e palavras selecionadas. Não lembro ao certo o que disse, palavra por palavra, mas sei que eu disse algo que eu queria dizer. Bem, as palavras podem não ter sido as melhores para fazer isso. Usei a língua do amor para justificar uma forma de sentimento brotado. Mas qual sentimento é esse? O da estupefação? O do querer muito algo que ainda não é? O das coisas boas que nos deixam felizes, simplesmente assim?

Já não sei.

Suavemente eu penso nessa história das palavras que teimam por ser escritas. E lidas? Não sei o quanto elas insistem para que tenhamos paciência de lê-las ... e é necessário um alto grau de paciência para isso.

Outros escritos são tão teimosos que de teimosos não saem, por nada, através de nenhuma técnica: não importa a letra redonda ou a vontade disciplinada de tê-los. E ai a paciência beira a loucura.

Estou escrevendo, como posso. Andando no mundo e fazendo o que vim para fazer: escritos.

Teimo em escrever, mesmo sem o mínimo sentido que preencha meus dizeres.

[criseida]

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