terça-feira, 14 de outubro de 2014

Clac.

A intensidade dos sonhos nos acorda de uma realidade tão puramente chata que muitas vezes vamos empurrando com a barriga como se este estado de espírito morno pudesse controlar a intensidade dos sentimentos que construímos ao longo da vida. Mentimos a nós mesmos com uma franqueza tão inocente que apenas o mundo dos sonhos consegue nos revelar.
Dormi com a graça de Morpheu e sonhei com um delicado encontro entre pessoas. Delírios. De tão doce e tão intenso, pela manhã tive a sensação de realidade atravessada no meu caminho. Novos delírios. A emoção de um vivido ficcional moveu meu dia: desejei o reencontro presente com o sujeito projetado. Delírios: doces desvarios.
Pondo-me à beira desse precipício entre o concreto e o que flutua, gosto de pensar na ideia de que os sonhos, quiçá, perturbem aquele gesto neutro que naturalizamos no correr dos dias. Assim, outro talvez, possamos passar a correr, de fato, na estrada de uma quentura mais intensa: a mesma sensação de calor que me atravessou no mundo de Hipnos.

Puxo o breque da escrita e da fantasia porque o real me chama de algum ponto que toca a consciência. Tudo o que os meus sonhos evitam, a luz do dia me relembra. Foi bom sonhar, entretanto, voltemos agora à temperatura ideal.

[cbo]

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