terça-feira, 17 de novembro de 2015

Fundo do poço

A lama e o lumo.
O lodo e a loto.
O fundo do poço de nós, o fundo do poço de mim.

Ao longe, você.
Figura desfigurada.
Amarelo que embranquece.

És tu, sensação estranha de um vazio.
Um vazio que não quer se encher.
Um vazio cheio de mim.

Vagueio.
Tropeço.
Esqueço.


E minto.

As tentativas vãs de esquecer revelam a minha ingênua caminhada em seguir.
Mas há lama.
Lodo.
Seus olhos parados.

E eu, vacilante, errante, não saio do lugar.
Não saio do de-mim.
Não o  encontro.
Não me encontro.
Não sei mais de nós.

Há nós entre o nós?

Pergunto sem coragem;
daqueles que falam sem que a voz seja ouvida;
Tal qual os que gritam de lábios fechados;
Como os que sangram sem demonstrar dor.

Há, aqui, a tolerância do velho
que se refaz
tecido, tramado, cosido
Pós um novo que parecia belo
interessante,
futuroso.

Olho em meu redor e há névoa:
Névoa na lama.
Névoa no lodo.
Névoa em mim.

Névoa naquilo que chamo de nós.

[criseida]

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