sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Juventude

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Aos vinte e um anos tenho todo o direito de me apaixonar.
Sim, apaixonar e desapaixonar com a facilidade de dizer e desdizer daqueles que não devem muito ao mundo, que buscam o máximo da vida, que querem que a última gota seje a última gota provada, e não apenas a última gota existente.
Quero a liberdade da escolha e da renúncia, com as obrigações poucas de uma nova maturidade...com a inocência demasiada de uma recente infância perdida.

Estou perdida no meio do caminho.
As muitas mudanças da vida me transmitem medo, insegurança, curiosidade.
Quero e não posso. Sei que posso, mas não consigo.

Existe um grande mal imanente no meu ser, sim, parecerá piada, sou tímida.
Tímida.
Timidez.
Deus...eu?


Várias são as coisas que perco, várias as provações que passo...poderia sim, com minhas débeis forças, mudar o quadro, e mandar às favas essa tal timidez. Mas não consigo, ainda não tenho o sustento suficiente, ainda sinto-me imatura demais, burra demais, insossa demais...confiante de.menos (!)

Queria a liberdade do canário que canta com a realeza em seu peito...transmitindo, com seus pios, toda a auto-confiança que possui: como se seu canto fosse o mais belo dentre toda a natureza...e por que não o é?

Isso quebra-me as pernas...sei o que devo fazer, sei como deveria fazer, sei como...mas não faço! Sei da teoria que em mim nunca vira prática.

O nunca é para sempre?

Meus vinte e um anos trazem dias e dias para mim. Eu sou e não-sou com a velocidade de um jato e a coragem de um cágado.(rs)

Ao menos meu bom humor, meu sorriso no rosto, minha disposição disfarçam a minha fadiga, o meu desconsolo interno, o meu grito mudo, as lágrimas copiosas que molham meu travesseiro...

Engenhoso engano de si mesmo...pouco para tapar todo o sol que resplandece de minh'alma.

Apenas eu reparo nos buracos muitos.

Durante o ato da 'pena' várias coisas mudam ao meu redor...meus olhos já não são mais os mesmos...o brilho, deles, provêm de outras fontes...e ele atrai outros olhares, enxerga novos horizontes.... e o relógio voa no compasso do tudo-ao-mesmo-tempo sem dar tempo para minhas reflexões do eu.

Perco-me no finito do mundo moderno.

Tudo mudando em tal rapidez que me é dado o sagrado caracter da timidez como para mascarar meus dias e segredar minhas aflições.

Bendito o sorriso!

O sorriso..as piadas, os causos, as graças...En-GRAÇA-da.

Sou eu.

Apaixonadamente apaixonada. De novo. Por quem?
..

Aos vinte e um anos há, também, todo o direito de se apaixonar por alguém, por ninguém, por si mesmo, por pássaros, por flores que surgem na janela de seu coletivo, pelo sorriso de uma criança, pelo seu bichinho de pelúcia preferido(?) (tuntum?) ...apaixonar-se pela vida!

Vida, tão única: tão vida...


...aos vinte e um anos.


=Cristiane Oliveira=

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