sexta-feira, 12 de agosto de 2011

O que eu houvera escrito ( 07/07/11)

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“Eu tenho um frio sopro que sobe desde minhas pernas. Um frio sopro que me inunda do vazio de existir e da angustia de me manter viva.
Como uma solidão que perscruta a pele me deixando um oco na alma: sinto-me feito bolha de sabão: frágil e vazia.
A um passo de estourar, qual a estrutura que me sustêm?
A um passo de resistir, qual a garantia que me mantêm?
Como bolha de sabão, nasço de borbulhas para inchar até minha morte prematura. Estouro. Canso, falho.
Numa triste manhã ou num triste entardecer, algo surge para entristecer meus dias, minhas horas... vezes algumas delas, vezes todas de uma só vez. Tento fugir, tento escapar, mas minha fina camada de água e sabão não me dá escapatória.
Qual o caminho pra fugir do vazio da solidão dos espelhos? Dos ecos? Das falsas fontes de felicidade?
Já não há motivos para seguir um caminho que bolha de sabão não tem. Não há caminho, é o vento, só e apenas ele, o vento, que me carrega com sua autoridade de único mandante, único poder sobre mim. E eu cedo, não pela falta de coragem para lutar, mas pela certeza da derrota.
Uma derrota tão aparente, tão, assim, frente-a-frente, cada dia mais.
Quase como pluma ao vento, minha fortuna é menos um mistério do que uma sofreguidão. Voando por entre o nada, quaisquer obstáculos me impedem, nenhum deles me abriga, nenhum deles me sustem... não me deixam fazer parte de nada, a não ser do vazio ao qual o vento me sustem.
Vento que me sustem enquanto o prazer lhe condiz. Vento que me joga aos espinhos quando não lhe sou mais interessante.
E como se interessar por algo feito de água, sabão e, principalmente, ar?


[C.B.O.]

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